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A evolução deste desporto que tanto gostamos é isto mesmo !


UM PÓQUER DE SONHOS

Não devem ter sido poucos os leitores que, movidos pela curiosidade, clicaram no logo do Record Poker e tomaram contacto, através do canal, com a que considero a modalidade desportiva mais democrática do Século XXI. Aos poucos o póquer começa a romper os preconceitos e a superar a imagem de jogo de cartas de sorte ou azar, levando a que as pessoas compreendam quanto estudo, dedicação, talento e até psicologia têm de ser aplicados nas mesas. Existe um factor aleatório, claro, mas que está ao nível do que acontece no futebol quando a melhor finta, seguida de um portentoso remate, em vez de resultar no merecido golo esbate-se no choque com a trave ou na má decisão da equipa de arbitragem.

Ao resto dos aliciantes junta-se o factor financeiro. Um bom torneio, uma noite de inspiração, mesmo por alguém com pouca experiência, pode significar facilmente o encaixe de quantias elevadas contra um valor fixo de entrada. Quando as cartas ajudam, qualquer maçarico com umas luzes consegue colocar os profissionais em sentido. Mais ou menos como uma equipa dos distritais dar um banho de bola ao Manchester United em Old Trafford. De qualquer forma, a médio e longo prazo, a qualidade prevalece. Isso é certo e consta da imensa literatura que existe sobre poker, o que não acontece por razões óbvias com a sueca ou a bisca. A complexidade é de outra galáxia e a única semelhança reside mesmo no facto de envolver cartas.

A explosão mundial que o póquer, na variante de No Limit Texas Hold'em, conheceu a nível mundial, surgiu de um episódio parecido. O então amador Chris Moneymaker venceu as World Series of Poker, em 2003, criou ondas de choque que atingiram Portugal. Actualmente, os torneios ao vivo multiplicam-se e as lotações, mesmo aproximando-se das três centenas de jogadores só nos torneios principais, esgotam com facilidade. Em cada evento da Pokerstars Solverde Poker Season, o principal circuito português, o fluxo de pessoas já atinge os milhares e a organização teve de encontrar formas para acomodar não somente os jogadores, mas também o volume crescente de espectadores. A Etapa #5 da temporada, que decorre a partir de hoje, na Praia da Rocha, excedeu todos os limites de inscrições.

Entre os jovens, então, é a coisa mais natural do mundo ouvir conversas sobre "folds", "checks" ou "raises", como ainda me aconteceu esta semana na caixa de um supermercado, dentro de um jargão que rapidamente se banalizará mesmo junto de quem ainda não foi infectado pelo vírus.

Pela minha parte, o que acho mais incrível no póquer é mesmo a sua abertura. Pode ser praticado a qualquer hora na internet, e mesmo nos torneios ao vivo podemos, de repente, abrir os olhos e ver que estamos sentados ao lado dos melhores entre os melhores. Muitos de nós, que gostamos de jogar à bola com os amigos, nem ousamos imaginar-nos alguma vez no relvado, a defrontar Bruno Alves, Liedson ou Pablo Aimar. Porém, num qualquer evento ao vivo de póquer, discutir uma mão com as maiores figuras portuguesas da modalidade é algo banal. Mesmo com João Barbosa, jogador da primeira linha internacional, vencedor da etapa do Pokerstars European Poker Tour de Varsóvia, que acumula presenças nos lugares premiados, mas que não perde a humildade e continua a marcar presença nos eventos nacionais.

A tudo isto, some-se a invasão de desportistas que o póquer tem registado. De Boris Becker a Christian Vieri, passando por Tony Cascarino, Hans Eskilsson ou Vikash Dhorasoo, a lista não pára de crescer e já abrange até o espanhol Pepe Reina. Em Portugal, a equipa de futsal do Benfica não vive sem este jogo de cartas, como o Record Poker revelou ao mundo, e até o médio Ricardo Sousa já compareceu num evento. Muitos outros ainda se resguardam no anonimato da internet. É esse o maior desafio do póquer em Portugal, e de quem o promove, nos próximos tempos: vencer de uma vez por todas as derradeiras resistências de quem ainda não consegue compreender o fenómeno. Felizmente, até nesse campeonato o Record está na linha da frente.


Autor: VÍTOR PINTO
Data: Sexta-Feira, 8 Maio de 2009 - 0:14

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